Ariel

Inércia na escuridão.
Em seguida, o azul sem substância
Jorra picos rochosos e distâncias. 

Leoa de Deus,
Como crescemos,
Eixo de calcanhares e joelhos! - O sulco 

Divide e passa, irmão do
Arco castanho do
Pescoço que me foge,
Olho-preto,
Escuras bagas que lançam
Os anzóis - 

Pedaços de doce e negro sangue,
Sombras.
Algo mais 

Arrasta-me pelo ar
Coxas, cabelos;
Flocos dos meus calcanhares. 

Branca
Godiva, descasco
Mãos mortas, carências mortas. 

E agora 
Espumo para o trigo, um brilho de mares.
O choro da criança 

Na parede derrete.
E sou a flecha, 

O orvalho que voa
Suicida, com o ímpeto unido 
Ao sanguíneo

Olho, o caldeirão da manhã.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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