Canção de Maria

O cordeiro dominical fende em sua gordura.
A gordura
Sacrifica a sua opacidade... 

Uma janela, ouro sagrado.
O fogo fá-lo precioso,
O mesmo fogo 

Derretendo os hereges untados de sebo,
Expulsando os judeus.
As suas espessas mortalhas flutuam 

Sobre a cicatriz da Polónia, esgotada
Alemanha.
Não morrem. 

Pássaros cinzentos obcecam o meu coração,
Cinza na boca, cinza no olho.
Instalam-se. No alto 

Precipício
Que esvaziou um homem no espaço,
Os fornos brilharam como céus, inflamados. 

É um coração,
Este holocausto em que entro,
Ó criança aúrea, o mundo matará, comerá.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

Mais poesia...

Carta de Amor

Senhora Lázaro

Solstício Móbil de Verão

Os Doentes Sociáveis