Os Adormecidos
Nenhum mapa traça a rua
Onde estão esses dois adormecidos.
Perdemos o seu trilho.
Ficam como se debaixo d'água
Numa imutável luz azul,
A janela Francesa entreaberta,
o cortinado com renda amarela.
Através da estreita fenda
Sobem odores de terra húmida.
O caracol deixa um rastro prateado;
Arvoredos escuros cercam a casa.
Olhamos para o passado.
Entre pétalas pálidas como a morte
E folhas inflexíveis em forma
Dormem, as bocas unidas.
Uma névoa branca vai subindo.
As pequenas narinas verdes respiram,
E viram-se dormindo.
Expulsos dessa cálida cama
Somos um sonho que sonham.
As suas pálpebras guardam a sombra.
Nenhum dano pode acontecer-lhes.
Lançamos as nossas peles e deslizamos
Para outro tempo.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa