Os Mortos
Girando em rotações ovais de velocidade solar,
Deitados em fetais membranas de argila como em vestes sagradas,
Homens mortos fazem amor e guerra sem atenção,
Embalados no imenso útero do globo inclinado.
Estes mortos não são nenhum César espiritual,
Não desejam que venha algum reino orgulhoso e paternal;
E quando finalmente caem na cama
Destruídos pelo mundo, buscam somente o esquecimento.
Envolvidos com boa argila e bem embalados,
As ósseas canelas não acordarão imaculadas
Para a queda da trombeta na madrugada do dia da destruição:
Descansam para sempre num sono colossal;
Nem o traseiro de Deus, nem anjos chocados podem gritar-lhes
De sua carinhosa decadência final e infame.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa