Soneto a Satã
Na câmara escura dos teus olhos, a viril mente
dá cambalhotas para simular o eclipse:
anjos brilhantes escurecem sobre a terra da lógica
sob o obturador de suas desvantagens.
Ordenando que o cometa faça jorrar tinta que
lance o mundo branco para o fundo de uma espiral diluviana,
encobriste a ordem de todas as pontuações do meio-dia
e a fotografia radiante de deus tornaste sombra.
Cobra encimando o campanário dessa luz contrária
invades as lentes dilatadas da génese
para marcar a tua imagem flamejante no ponto do nascimento
com as personagens que nenhum canto de galo pode alterar.
Ó criador do orgulhoso planeta negativo,
obscurece o sol escaldante até que nenhum relógio se mova.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa