O Pretendente
Primeiro, és o nosso tipo de pessoa?
Usas
Um olho de vidro, dentes falsos ou uma muleta,
Uma cinta ou um gancho,
Seios de borracha ou uma virilha de borracha,
Marcas para mostrar que algo está em falta? Não não? Então
Como podemos dar-te alguma coisa?
Pára de chorar.
Abre a tua mão.
Vazia? Vazia. Aqui está uma mão
Para enchê-la e com vontade
De trazer chávenas de chá e esquecer as dores de cabeça
E que faz o que disseres.
Vais casar com isso?
É garantido
Para fechar os olhos com o polegar no final
E dissolver a tristeza.
Fazemos a nova reserva a partir do sal.
Percebo que estás completamente nu.
Que tal este casaco -
Preto e rígido, mas não é mau ajuste.
Vais casar com isso?
É à prova d'água, inquebrável, à prova de
fogo e bombas através do telhado.
Acredita, vão enterrar-te nisso.
Agora a tua cabeça, desculpa, está vazia.
Tenho a solução para isso.
Vem aqui, querida, sai do armário.
Bem, o que pensas disso?
Nua como um papel em branco
Mas em vinte e cinco anos será prata,
Em cinquenta, ouro.
Uma boneca viva, para onde quer que olhes.
Pode costurar, pode cozinhar,
Pode falar, falar, falar.
Funciona, não há nada de errado nisso.
Tens um buraco, é um cataplasma.
Tens um olho, é uma imagem.
Meu rapaz, é o teu último recurso.
Vais casar com isso, com isso, com isso.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa