Solilóquio do Solipsista

Eu?
Ando sozinho;
A rua da meia noite
Volta-se debaixo dos meus pés;
Quando os meus olhos se fecham
Todas as casas de sonho se extinguem;
Por um capricho meu
Sobre os telhados a cebola celestial da lua
Perdura alta. 

Eu
Faço as casas encolherem
E as árvores diminuerem
À distância, a trela do meu olhar
Sacode as pessoas-fantoches 

Essas, ignorando como diminuem,
Riem, beijam-se, embebedam-se,
Sem pensar que se pestanejasse,
Morreriam.  

Eu
Quando estou de bom humor,
Devolvo à relva o verde
Brasão azul celeste e brindo o sol
De ouro;
Ainda que em meu humor mais sombrio, tenha
Poder absoluto
Para boicotar a cor e proibir qualquer flor
De ser.  

Eu
Sei que pareces
Vívida a meu lado,
Negar-te afastei de meu pensamento,
Exigindo que sintas o suficiente 
Amor ardente para provar que a carne é real,
Embora seja bastante claro 
Que a tua beleza, a tua inteligência é uma dádiva, minha querida,
De mim.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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