Gigolo
O relógio de bolso funciona bem.
As ruas são fendas de lagarto,
Transparentes, com buracos onde se esconder.
É melhor encontrar um beco sem saída,
Um palácio de veludo
Com janelas de espelhos.
Aí alguém está a salvo,
Não há fotografias de família,
Sem argolas no nariz, nem gritos.
Anzóis brilhantes, os sorrisos das mulheres
Engolem o tamanho do meu corpo
E eu, em meus lutos em voga,
Trituro uma ninhada de seios como uma medusa.
Para alimentar
Os violoncelos de gemidos, devoro ovos -
Ovos e peixes, o essencial,
A lula afrodisíaca.
A minha boca descai,
A boca de Cristo
Quando o meu motor chegar ao fim.
A tagarelice dos meus
Charros dourados, o meu modo de tornar
Cabras em ondas de prata
Estende um tapete, um silêncio.
E não há fim, não há fim.
Nunca vou envelhecer. Novas ostras
Gritam no mar e
Brilham como Fontainebleau
Gratificado,
Toda a queda de água é um olho
Sobre cujo lago ternamente
Me inclino e me vejo.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa