As Duas Irmãs de Perséfone
Há duas meninas: uma senta-se
dentro de casa; outra, fora.
Durante o dia, um dueto de sombra e luz
Joga-se entre elas.
No escuro quarto revestido a lambris
A primeira trabalha com problemas
Numa máquina matemática.
Marca o tempo com carraças secas
Enquanto cada soma é calculada.
Nesta empreendimento estéril
Ratos astutos trepam para os olhos vesgos,
A sua magra moldura era uma pálida raiz.
Bronzeada como a terra, a segunda,
Ouve as carraças sopradas de ouro
Como pólen no ar brilhante. Embalada
Perto de uma cama de papoulas,
Vê como a sua seda vermelha flameja
De pétalas de sangue
Queimaduras abertas à lâmina do sol.
Naquele altar verde
Sendo livremente noiva do sol, a segunda
Cresce rápida com as sementes.
Coberta de relva em seu laboral orgulho,
Carrega um rei. Tornou-se amarga
E pálida como um qualquer limão,
A outra, virgem irónica até ao fim,
Vai para a campa com a carne desvastada,
Com um marido larva, mas sem mulher.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa