Epitáfio para Fogo e Flor

Podes muito bem içar
A verde crista desta onda no arame
Para prevenir quedas, ou ancorar o ar fluente
Em quartzo, como quebrar o teu crânio para preservar
Esses dois amantes mais perecíveis ao toque
Que vai despertar a inveja dos anjos, queimar e derreter
Os seus amáveis corações carbonizados como qualquer fósforo. 

Não procures nenhuma câmera de pedra para consertar
O brilho passageiro de cada rosto
Em preto e branco, ou colocar na idade do gelo
A boca instantânea para olhares futuros;
As estrelas lançam as suas pétalas e os sóis geram sementes,
Assim, podes suar para manter esses queridos destroços
Amados como mel em tua cabeça. 

Agora, no ponto crucial de suas promessas pendura o teu ouvido,
Ainda como uma concha: ouve que idade do gelo
Esses amantes profetizam para se abraçarem
Guardados num museu de diamante para o olhar
De gerações espantadas; eles lutam
Por conquistar o reino das cinzas numa hora
E acumulam a fé em segurança num fóssil. 

Mas ainda que tenham torcidos os tendões na rocha
E façam com que todos os beijos supérfluos  acendam o fogo
Como se fossem extinguir uma fénix, o impulso do momento
Dirige rapidamente o sangue ágil
Para um desejo de cativeiro: cavalgam a noite toda
Em seus batimentos cardíacos, acordando em chamas até que o galo vermelho
Desperte nua a floração desse cometa. 

A aurora extingue o pavio gasto da estrela,
Mesmo que os queridos doidos de amor eternamente chorem,
E um langor de cera congele a veia
Não importa quanto intensamente ilumina; rasga contratos fiéis
E recua na luz que se altera: a radiante orla
Sopra cinzas nos olhos de cada amante; o olhar ardente
Enegrece a carne até os ossos e os devora.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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