O Picanço

Quando a noite escurece
Tais sonhos reais acenam a este homem
Como separá-lo
Da sua esposa terrena
Para voar, adormecido,
O ar singular,
Enquanto ela, noiva invejosa,
Não o pode seguir, mas mente
Com os olhos castanhos vazios, famintos,
Torcendo maldições no lençol enredado 
Com os dedos em garra,
Tremendo na gaiola do crânio
A forma cheia do seu companheiro voando
Escapado entre estranhos com plumagem lunar;
Tão faminta, deve esperar com raiva
Até o amanhecer desonesto dos pássaros
Quando a sua face de picanço
Se inclina para abrir as pálpebras trancadas, para comer
As coroas, o palácio, tudo,
Essa noite inteira roubou o seu macho,
E com o bico vermelho
Crava e suga
A gota final de sangue desse coração vadio.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

Mais poesia...

Carta de Amor

Senhora Lázaro

Solstício Móbil de Verão

Os Doentes Sociáveis