Paralítico
Acontece. Continuará?
A minha mente é uma rocha,
Sem dedos para agarrar, sem língua,
O meu deus o pulmão de ferro
Que me ama, bombas
Os meus dois
Sacos de poeira que entram e saem,
Não vou
Deixar-me ter uma recaída
Enquanto o dia passa lá fora como uma fita adesiva.
A noite traz violetas,
Tapeçarias de olhos,
Luzes,
Os anónimos suaves
Tagarelas: "estás bem?"
O seio engomado e inacessível.
Ovo morto, minto
Por inteiro
Em todo mundo que não posso tocar,
No branco, apertado
Tambor do meu sofá de dormir
Visitam-me fotografias
A minha esposa, morta e sonsa, em peles de 1920,
A boca cheia de pérolas,
Duas meninas
Tão sonsas quanto ela, que sussurram "Somos as tuas filhas".
As águas paradas
Envolvem os meus lábios,
Olhos, nariz e orelhas,
Uma clara
Celofane que não consigo quebrar.
Nas minhas costas nuas
Sorrio, um buda, tudo
O que quero, o desejo
Caindo de mim como anéis
Abraçando as suas luzes.
A garra
Da magnólia,
Bêbada com seus próprios aromas,
Não pede nada à vida.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa