A Rival
Se a lua sorrisse, seria igual a ti.
Deixas a mesma impressão
De algo belo, mas aniquilador.
Ambos são devedoras de luz.
A sua boca aberta sofre pelo mundo; o teu não é afectado,
E o teu primeiro dom é transformar tudo em pedra.
Acordo num mausoléu; estás aqui,
Tacteando os dedos na mesa de mármore, procurando cigarros,
Rancoroso como uma mulher, mas não tão nervoso,
E morrendo com vontade de dizer algo irrespondível.
A lua também humilha os seus súditos,
Mas durante o dia é ridícula.
As tuas insatisfações, em contrapartida,
Chegam por correspondência com regularidade amorosa,
Brancas e vazias, expansivas como monóxido de carbono.
Nenhum dia está a salvo de notícias tuas,
Percorrendo a África talvez, mas pensando em mim.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa