A um Amante Abandonado

Deito-me fria na minha cama estreita 
e tristemente olho
da minha janela quadrado de preto: 

simbolizado no céu da meia-noite,
um mosaico de estrelas traça em
diagrama os anos decrescentes, 

enquanto da lua, o olho do meu amante
até à morte me arrepia
com o esplendor da sua fé congelada. 

Uma vez feri-o com
um pequeno espinho
Nunca pensei que a sua carne queimasse 

ou que o calor dentro cresceria
até se levantar
Inflamado como um deus; 

agora não há lugar para onde possa ir
para dele me esconder:
a lua e o sol reflectem a sua chama. 

De manhã tudo será 
de novo o mesmo:
pálidas estrelas antes do furioso
amanhecer; 

o galo d'ouro vai apontar-me 
a tortura do tempo
até ao auge do meio-dia 

e por esse clarão, o meu amor verá
como ardo ainda
em meu dourado inferno.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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