Amnésico

Não adianta, não adianta, agora, implorar. Reconhece!
Nada tem a a ver com um vazio tão belo a não ser suavizá-lo.
Nome, casa, chaves do carro, 

A pequena esposa de brinquedo -
Apagada, suspiro, suspiro.
Quatro bébés e um fogão! 

Enfermeiras com estatura de vermes e um minúsculo médico
Aconchegam-no na cama.
Acontecimentos antigos 

Descascam a sua pele.
Despeja pelo cano tudo isso!
Abraçando o travesseiro 

Como a irmã ruiva que nunca ousou tocar,
Vai sonhando com uma nova mulher 
Estéril, o lote de estéreis! 

E de outra cor.
Como vão viajar, viajar, viajar, cenários
Açoitando os traseiros dos seus irmãos- irmãs.

Uma cauda de cometa!
E dinheiro, o fluido de esperma de tudo isso.
Uma enfermeira transporta 

Uma bebida verde, outra azul.
Erguem-se de cada lado como estrelas.
As duas bebidas ardem e espumam.

Ó irmã, mãe, esposa,
O doce Letes é a minha vida.
Nunca, nunca, nunca regressarei a casa!




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa  

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