Apreensões

Existe esta parede branca, acima de que se cria o céu -
Infinito, verde, totalmente intocável.
Os anjos nadam nele, e as estrelas, na indiferença também.
Eles são o meu meio.
O sol dissolve-se nesta parede, sangrando as suas luzes. 

Uma parede cinzenta agora, com garras e ensanguentada.
Não há como sair da mente?
Passos nas minhas costas transformam-se num poço.
Não há árvores ou pássaros neste mundo,
Existe apenas um azedume. 

Esta parede vermelha estremece continuamente:
Um punho vermelho, abrindo e fechando,
Duas sacolas cinzentas de papel -
É disso que sou feita, isso e um terror
De ser levada sob cruzes e uma chuva de pietàs. 

Numa parede negra, pássaros não identificáveis
Rodam as suas cabeças e choram.
Não se fala de imortalidade entre eles!
Espaços em branco aproximam-se de nós:
Movem-se com pressa.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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