Cinderela
O príncipe inclina-se para a jovem de salto escarlate,
Os seus olhos verdes inclinam-se, o cabelo flamejando num leque
De prata à medida que o rondó diminui; agora bobina
Começa com violinos inclinados para abranger
Todo o salão de vidro giratório do palácio
Onde os convidados deslizam para a luz
como para o vinho;
Velas rosas estremecem na parede lilás
Reflectindo o brilho de um milhão de garrafas,
E casais dourados em transe giratório
Seguem as festas de fim de ano que há longo começaram,
Até perto das doze, a estranha garota de súbito
Pára tocada pela culpa, empalidece, abraça-se ao príncipe
Entre a agitada música e a conversa de cocktail
Ouve o corrosivo tiquetaque do relógio.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa