Nunca tentes enganar-me com um beijo
Nunca tentes enganar-me com um beijo
Fingir que os pássaros estão aqui para ficar;
O moribundo zombará disso.
Uma pedra pode disfarçar-se onde nenhum coração existe
E as virgens surgem onde a luxuriosa Vénus se encontra:
Nunca tentes enganar-me com um beijo.
O nosso nobre médico afirma que a dor lhe pertence
Enquanto os sofridos pacientes, deixam-no falar;
O moribundo zombará disso.
Cada viril solteiro teme a paralisia,
A solteirona jogando a dinheiro chora o dia inteiro:
Nunca tentes enganar-me com um beijo.
As suaves serpentes eternas prometem felicidade
A crianças mortais que desejam ser felizes;
O moribundo zombará disso.
Mais cedo ou mais tarde, algo corre mal;
Os pássaros cantores fazem as malas e voam;
Assim, nunca tentes enganar-me com um beijo:
O moribundo zombará disso.
The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa