Carta em Novembro

Amor, o mundo
De repente ganha, ganha cor. A luz da rua
Divide-se pela cauda do rato,
Vagens de laburno às nove da manhã.
É o Árctico, 

Este pequeno círculo
Negro, com relvas citadinas de seda - cabelo de bébés.
Há um verde no ar,
Macio, delicioso.
Isso suaviza-me com amor. 

Estou corada e cálida.
Penso que posso ser imensa,
Estou tão estupidamente feliz,
As minhas botas Wellingtons
Pisam e repisam por completo o belo vermelho. 

Esta é a minha propriedade.
Duas vezes por dia
Caminho, farejando
O azevinho bárbaro com as suas viridianas
Conchas de vieira, ferro puro, 

E a parede de velhos cadáveres.
Adoro-os.
Amo-os como história.
As maçãs são douradas,
Imaginem - 

As minhas setenta árvores
Segurando as suas bolas douradas
Numa densa sopa cinzenta de morte,
O seu milhão 
De folhas d'Ouro metalizado e sem fôlego. 

Ó amor, ó celibatário.
Ninguém além de mim
Caminha molhado pela cintura.
O insubstituível
Ouro sangra e escurece, a boca das Termópilas.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa 

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