Manhã no Hospital Solário

A luz do sol atinge um copo de sumo de toranja,
brilhando verde através das folhas de filodendro
nesta casa surrealista
de rosa e bege, bambu impecável,
patrocinado por esposas convalescentes;
sombras de calor oscilam silenciosamente em
brilhantes janelas quadradas até que as mulheres parecem
flutuar como o peixe de sonho no lânguido limbo
de um aquário ondulante. 

Manhã: outro dia, e conversa de
táxis indolentes em rodas sussurrantes;
o casaco branco engomado, o andar da pata do gato,
anunciando distracção: um bando de pílulas pastel,
turquesa, rosa, serra malva; agulhas
que picam não mais que o amor: uma sala onde o tempo
marca o ritmo para a ascensão casual
de mercúrio em tubos graduados, onde
lento condescende ao sol e ao soro. 

Como periquitos petulantes presos em gaiolas
de intrincada rotina de vidro giratório,
as mulheres esperam, esvoaçantes, virando as páginas
das revistas num elegante tédio,
esperando que algum incrível homem escuro 
assalte a cena e faça acontecer
um ruidoso milagre, que venha
como ladrão roubar a sua fantasia:
ao meio-dia, maridos anémicos visitam-nas.




The Collected Poems | Sylvia Plath
© 1981 The Estate of Sylvia Plath 
Editorial material © 1981 Ted Hughes
Versão Portuguesa © Luísa Vinuesa  

 

Mais poesia...

Carta de Amor

Senhora Lázaro

Solstício Móbil de Verão

Os Doentes Sociáveis